Projeto promove inserção de indígenas de reserva no interior de SP na universidade: 'Troca cultural'

  • 19/04/2024
(Foto: Reprodução)
Iniciativa é uma parceria da Funai com a prefeitura de Avaí, cidade com maior porcentagem de indígenas entre a população geral no estado de SP. Nesta sexta-feira, 19 de abril, é celebrado o "Dia dos Povos Indígenas". . "Troca cultural": projeto trabalha na inserção de indígenas Araribá de Avaí no meio universitário Reprodução/Unisagrado Em 10 anos, segundo dados do censo demográfico de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de indígenas nas universidades brasileiras mais que triplicou. Hoje, são mais de 46 mil pessoas indígenas inscritas em um curso superior, enquanto em 2011 o número era de apenas 9,7 mil alunos. 📲 Participe do canal do g1 Bauru e Marília no WhatsApp Com a maior inclusão nas universidades, começou então um processo de êxodo dos jovens indígenas das suas comunidades para as cidades. Os indígenas que se qualificaram passaram a disputar um mercado acirrado fora das reservas, enquanto a falta de profissionais de saúde e educação, por exemplo, se tornava um problema recorrente dentro das suas comunidades originárias. Diante dessa realidade, o projeto “Identidade Araribá” tenta amenizar esse processo e incentivar ainda mais a formação superior dos povos indígenas para que o aluno possa suprir a demanda de sua própria comunidade. A iniciativa é uma parceria entre o Fundo Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI), a prefeitura de Avaí (SP), cidade proporcionalmente mais indígena do estado de SP , e uma universidade particular de Bauru (SP). "Troca cultural": projeto trabalha na inserção de indígenas Araribá de Avaí no meio universitário Reprodução/Unisagrado Em entrevista ao g1, o professor Cleiton José Senem, coordenador do projeto, explicou que os objetivos foram mudando conforme a própria necessidades das comunidades indígenas da região. “Quando o projeto surgiu, ele tinha como finalidade desenvolver estratégias de fixação dos indígenas, nas próprias aldeias, voltadas especialmente para a educação ambiental e para a sustentabilidade. Ao longo desse processo o objetivo foi mudando, principalmente quando começaram a aparecer demandas nas próprias comunidades indígenas, para a formação dos professores que trabalham nas próprias escolas da comunidade e na necessidade de profissionais formados na área da saúde”, explica. Comunidade indígena do interior de SP busca preservar a língua nativa: 'Herança cultural', diz cacique O coordenador explica que são dois processos que compõem as ações do projeto. Em um primeiro momento é feita uma preparação para o vestibular com os indígenas que têm interesse em se tornar alunos de uma instituição de ensino superior. Uma vez realizada a prova, são distribuídas duas bolsas anuais para cada aldeia que compõem a comunidade Araribá. As bolsas são distribuídas de forma igualitária entre os participantes com participação da FUNAI e das lideranças das aldeias que ajudam a instituição de ensino a mediar quais as necessidades de cada aldeia. Everton Renan Rodrigues Lipu é membro da comunidade Araribá e estudante de enfermagem Arquivo pessoal Everton Renan Rodrigues Lipu, de 21 anos, é morador da Reserva Indígena de Araribá e foi um dos contemplados com uma bolsa. O jovem é aluno do 4° ano de enfermagem. O indígena conheceu o projeto através de uma enfermeira que trabalha na aldeia Kopenoti, onde mora. O estudante então se inscreveu no vestibular, foi contemplado com a bolsa e tem como objetivo atuar na própria comunidade, assim como a enfermeira que o inspirou. “Eu pretendo, depois de formado, aplicar meu conhecimento e novas experiências que consegui ao longo do curso no nosso território. Tem sido uma experiência boa para minha vida profissional, o Projeto Araribá traz a troca cultural e de conhecimento entre o nosso povo indígena e os não-indígenas”, afirma. Aluno do 4° ano de enfermagem conseguiu bolsas de estudos pelo projeto "Identidade Araribá" Arquivo pessoal Esta troca de conhecimento entre a cultura indígena e a não-indígena é exatamente um dos pilares do projeto, se sobrepor uma cultura a outra. “A universidade não está levando apenas o conhecimento até eles, mas sim existe uma troca cultural, uma contribuição para que os alunos possam voltar às suas comunidades e contribuir para a qualidade de vida daquele povo”, explica o coordenador. Esse objetivo do projeto se faz presente, principalmente, na formação de professores para atuarem nas quatro escolas das aldeias presentes na terra indígena Araribá. Conheça Avaí, a cidade mais indígena do estado de SP Gleidson Alves Marcolino já fazia trabalhos de educação em sua aldeia quando foi contemplado com uma bolsa de estudo no curso de pedagogia. O jovem se formou em 2023. “Eu trabalho na educação escolar Indígena e temos métodos próprios de ensino, mas na universidade tive conhecimento de muitas outras metodologias. Com isso a formação só veio a acrescentar para o meu desenvolvimento profissional”, destaca o pedagogo. Gleidson Alves Marcolino se formou em pedagogia pelo projeto "Identidade Araribá" Arquivo pessoal Aldeia Indígena de Araribá Historicamente, a terra-indígena Araribá era povoada pelo grupo tupi-guarani até 1932, quando vieram os primeiros Terena do Mato Grosso do Sul, com o intuito de preservar o território que estava sendo invadido por fazendeiros. Reserva de Araribá, que fica em Avaí, completa 109 anos neste ano Chicão Terena / Arquivo pessoal O espaço de cerca 1.920 hectares ou 793,72 alqueires foi declarado reserva indígena antes mesmo da chegada dos Terenas, em 28 de abril de 1913, após um decreto do Governo de SP. À época, Avaí ainda era Distrito de Jacutinga, município e comarca de Bauru (SP). A reserva completou 110 anos de fundação em 2023 e, ao todo, é formada por quatro aldeias. São elas: Aldeia Kopenoty, onde vivem indígenas das etnias Terena e Kaingang Aldeia Ekeruá, onde vivem indígenas Terena Aldeia Nimeundaju, onde vivem indígenas da etnia Guarani Aldeia Tereguá, onde vivem indígenas das etnias Terena e Guarani No povoado existe, além da escola, uma Unidade Básica de Saúde, responsável pelos atendimentos médicos aos moradores da comunidade. Dia dos Povos indígenas Teatro, dança e antigos rituais fizeram parte da comemoração Reprodução/TV Tem O "Dia dos Povos Indígenas" (e não mais "Dia do Índio"), celebrado nesta sexta-feira (19), marca a luta dos povos originários pela sobrevivência e resistência diante das violências sofridas desde a colonização do Brasil. Historicamente perseguidos, esses povos reivindicam, entre outros pontos, a demarcação de terras para proteção de seus territórios, meio de vida e cultura. *Sob supervisão de Mariana Bonora Veja mais notícias da região no g1 Bauru e Marília. Confira mais notícias do centro-oeste paulista:

FONTE: https://g1.globo.com/sp/bauru-marilia/noticia/2024/04/19/projeto-promove-insercao-de-indigenas-de-reserva-no-interior-de-sp-na-universidade-troca-cultural.ghtml


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